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A ressurreição de Jesus – Um Novo Gênesis!



ELE RESSUSCITOU!

Texto: Mateus 28:1–10
Por: Rev. Maycon Rodrigues

 

Introdução

Cristo ressuscitou. Ele ressuscitou, de fato. Não é um mero refrão litúrgico. É o grito que estremeceu os fundamentos do inferno e abriu os portões da eternidade para todos os que creem.

O túmulo vazio em Jerusalém não é uma lenda—é um fato histórico. E como disse o pastor e teólogo Tim Keller:

“Se Jesus ressuscitou dos mortos, então você tem que aceitar tudo o que Ele disse; se Ele não ressuscitou dos mortos, então por que se preocupar com o que Ele disse?”
KELLER, Timothy. A Fé na Era do Ceticismo. São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2015.

A ressurreição é a linha divisória entre o desespero absoluto e a esperança eterna.

Contexto Histórico

O mundo do primeiro século era saturado de morte e medo. O Império Romano, com sua brutalidade, crucificava milhares como espetáculo público. Os judeus esperavam um Messias político, não um Salvador crucificado.

Historicamente, a ressurreição é sustentada por fontes cristãs e não cristãs. O historiador judeu Flávio Josefo menciona Jesus (Antiguidades Judaicas, XVIII.63-64). Tácito, o historiador romano, registra sua execução sob Pôncio Pilatos (Anais, XV.44). O túmulo vazio nunca foi negado; apenas explicações alternativas foram propostas pelos inimigos da fé.

“A melhor explicação para o surgimento da igreja primitiva é que algo extraordinário aconteceu: Jesus ressuscitou dos mortos.” — WRIGHT, N. T. A Ressurreição do Filho de Deus. São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2016.

Contexto da Passagem

Mateus escreve para uma audiência judaica, desejosa de ver no Messias o cumprimento das promessas veterotestamentárias. Ele quer mostrar que Jesus é o novo Moisés, o verdadeiro Davi, o Emanuel.

O capítulo 28 é o clímax do evangelho. Depois do silêncio de três dias, a ressurreição irrompe como a nova criação. O sábado se foi. É o primeiro dia da nova semana. Um novo Gênesis está começando.

Mateus enfatiza a majestade do Cristo ressuscitado—com terremoto, anjo, e soldados caídos como mortos. O céu invadiu a terra.

Visão Geral do Texto:

Mateus 28:1-10 se divide em três movimentos poderosos:

  1. As mulheres vão ao túmulo (v.1)
  2. A manifestação angelical e o anúncio da ressurreição (v.2-7)
  3. O encontro glorioso com o Cristo ressuscitado (v.8-10)

Para Mateus, este não é um mero relato. É um manifesto do Reino. A ressurreição não é só o retorno de um morto à vida—é a inauguração do novo mundo. Jesus não simplesmente voltou. Ele avançou. Ele é agora “o primogênito dentre os mortos” (Colossenses 1:18).

Neste texto ressoam três verdades transformadoras que emergem do túmulo vazio e falam diretamente ao nosso coração, à nossa fé e ao nosso futuro:

1. O TÚMULO VAZIO PROCLAMA A VITÓRIA DE DEUS (V.1-4)

“E eis que houve um grande terremoto...” (v.2)

O terremoto não abriu o túmulo para que Jesus saísse—Ele já havia ressuscitado. O anjo o abriu para que os humanos pudessem ver.

Como disse João Crisóstomo:

“A pedra não foi removida para libertar Cristo, mas para demonstrar que Ele já estava livre.”
CRISÓSTOMO, João. Homilias sobre Mateus, Homilia 90.

Deus moveu a terra para abalar a incredulidade. O túmulo vazio é o protesto divino contra o pecado, a morte e o inferno.

Os guardas, representantes do império, caem como mortos. O mundo invertido. O que é vivo (Jesus) sai do túmulo. O que é morto (a autoridade romana) cai ao chão. A ressurreição é subversiva. Ela destrói os poderes deste mundo.

2. O ANÚNCIO DO ANJO REVELA A FIDELIDADE DAS PROMESSAS (V.5-7)

“Ele não está aqui, porque ressuscitou, como havia dito.” (v.6)

Essas são as palavras mais esperançosas da história. Jesus ressuscitou como havia dito. A Palavra de Deus é fiel. As promessas não falham.

“A ressurreição de Cristo é a esperança do cristão, a nossa fé, a nossa salvação, a nossa glória.”
AGOSTINHO. Sermão 261, Sobre a Ressurreição do Senhor.

Esse anjo não traz novas notícias; ele confirma antigas promessas. A fidelidade de Deus transcende túmulos, espadas, pedras e impérios. Se Ele prometeu vida, vida Ele dará.

3. O ENCONTRO COM CRISTO RESSUSCITADO TRANSFORMA O MEDO EM ADORAÇÃO (V.8-10)

“E elas, chegando, abraçaram os seus pés, e o adoraram.” (v.9)

Esse momento é crucial. Mulheres que foram ao túmulo com perfumes para ungir um cadáver agora abraçam os pés do Rei vivo.

A primeira reação ao Cristo ressuscitado não é teologia—é adoração. Não é debate—é rendição.

“A fé que não se curva em adoração diante do Cristo ressuscitado não é fé.”
LUTERO, Martinho. Sermões sobre os Evangelhos Dominicais, Páscoa, 1530.

Note: Jesus as chama de “irmãs” implícitas, pois diz: “ide dizer a meus irmãos”. Ele não volta em vingança, mas em reconciliação.

A ressurreição não é só poder—é intimidade. Ele não só venceu a morte; Ele venceu a distância. Agora somos família.

Conclusão: O Amanhecer de Uma Nova Criação

O texto começa no “primeiro dia da semana” — alusão direta ao Gênesis. Mas agora é o novo Gênesis. A nova criação começa não no Éden, mas no jardim do túmulo. Não com Adão, mas com o segundo Adão.

“A ressurreição é a coroação de toda a obra de Cristo; nela, o reino de Deus irrompe definitivamente na história.”
BAVINCK, Herman. Dogmática Reformada, Vol. 3. São Paulo: Cultura Cristã, 2012.

Aplicação: Vivendo como o Povo da Ressurreição

  1. Creia com convicção — A ressurreição é o coração da fé cristã. Se Cristo vive, então tudo importa. A dúvida morre no túmulo vazio.
  2. Adore com reverência — A resposta natural à ressurreição é adoração apaixonada. Ela não é um evento do passado. É uma realidade presente.
  3. Viva com esperança — A morte não é o fim. O sofrimento não é a palavra final.

Charles Spurgeon, com sua eloquência sempre viva, afirmou:

“A ressurreição é o amém de Deus para o ‘está consumado’ de Cristo na cruz.”
SPURGEON, Charles. Sermão: A Ressurreição de Cristo, 1865.

A manhã da ressurreição não é o fim da história. É o começo do fim. O início do Reino. A proclamação de que, em Cristo, a morte morreu.

Então, neste domingo de Páscoa, não celebramos um mito. Celebramos uma vitória. Uma invasão divina. A certeza de que tudo, absolutamente tudo, será restaurado por Aquele que venceu o túmulo.

Ele vive. E porque Ele vive, nós também viveremos. Amém.



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